Oie! Ainda tô em tempo pra dar algumas dicas do que assistir no fim de semana.
Quero começar indicando o ótimo Meu Nome é Maria, dirigido por Jessica Palud e protagonizado por Anamaria Vartolomei. Em cartaz nos cinemas, o drama dá destaque às mulheres na frente e atrás das câmeras também: Jessica coescreveu o roteiro com Laurette Polmanss, que, por sua vez, foi adaptado do livro My Cousin Maria Schneider, escrito por Vanessa Schneider.
Já na telona, acompanhamos a trajetória agridoce da atriz francesa Maria Schneider, que se tornou mundialmente conhecida pelo filme erótico O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci. Agridoce porque, apesar deste ser um retrato respeitoso e, ao mesmo tempo, realista para com os detalhes mais frágeis da vida de Maria, o público relembra como a atriz foi de estrela a pária em uma questão de pouquíssimo tempo, nos anos 70.
A história da cena do estupro em O Último Tango é famosa há décadas, mas felizmente não é tudo que Meu Nome é Maria se dispõe a entregar. Não é o único ponto da vida de Maria a ser explorado, mas é também aquele que moldou sua carreira a partir dali. Só pra relembrar: há uma cena muito forte no filme de 1972, na qual o personagem de Marlon Brando abusa sexualmente da personagem de Maria usando manteiga como lubrificante. A cena não foi consensual, pois a atriz só descobriu o que iria acontecer quando ouviu o “ação!” de Bertolucci. O diretor e Brando combinaram como a triste e violenta sequência seria sem a presença da vítima na ficção — que também passou a ser vítima na vida real.
O longa de Jessica permeia várias fases da vida da protagonista, incluindo seu vício em substâncias químicas e seus relacionamentos amorosos, além de breves passagens que citam outros de seus longas, como Profissão: Repórter, de 1975. Mas, nas nuances da bela performance de Anamaria (que estrelou outro ótimo filme chamado O Acontecimento - assistam!), está o ponto alto da narrativa. Afinal, essa é mais uma história sobre os diferentes tipos de violência que uma mulher pode enfrentar. Até mesmo em seu ofício.
Mudando de filme pra série, PRECISO falar sobre O Estúdio, nova produção do AppleTV+! Gente, vocês não estão entendendo: essa pode ser a minha série favorita de 2025. E sim, eu sei que estamos em março.
No momento só estão disponíveis os dois primeiros episódios, mas eles foram o suficiente pra já deixá-la no radar aqui na newsletter. O Estúdio acompanha um executivo de cinema (Seth Rogen, também criador da série) apaixonado por filmes de arte, mas que precisa mergulhar nas franquias ou em qualquer ideia que dê dinheiro ao Continental Studios, onde trabalha. O fato de uma série norte-americana abordar um tema um tanto espinhoso da própria indústria em tom satírico já seria bom demais pra me fisgar imediatamente.
Mas tem mais…
A série tem cenas filmadas em plano-sequência de altíssima qualidade. O segundo episódio é impressionante! Além disso, traz participações especiais de diversos nomes do entretenimento, a começar por MARTIN SCORSESE. O veterano embarca na piada e faz parte de um dos melhores episódios-piloto que eu assisti em, sei lá, 5 anos. É simplesmente hilário ver Hollywood imersa na autocrítica. Assistam!
Voltando ao cinema, quem já assistiu a Oeste Outra Vez? Se ainda não viu, também recomendo demais!
Foram raríssimas as vezes em que a ausência de mulheres em cena me agradou tanto num filme. Mas Erico Rassi faz de Oeste Outra Vez um faroeste completo dessa forma, muito bem construído e trabalhado nas sutilezas. O diretor de Comeback utiliza diversos elementos do gênero (os embates armados, a vingança sorrateira, as expressões silenciosas de seus personagens) para expor uma coisa só: a fragilidade dos homens. A única mulher do longa dá as costas e vai embora, mas eles nem se dão conta disso.
Não é uma história sobre o quão imponentes os homens ficam com uma arma na mão, mas sim sobre o quão patéticos eles se tornam quando o objetivo acaba sendo sempre o mesmo: conquistar algo que não os pertence. O ego impera, enquanto o espectador pega no ar o tom sarcástico contido justamente em cada uma de suas atitudes. É um belo exemplo de como fazer cinema de impacto sem dizer muito. E mais um filme brasileiro que merece todo o reconhecimento!
Com a chegada do longa às salas, entrevistei o diretor, que falou sobre seu processo criativo, a escolha do elenco e sua expectativa otimista para com o momento atual do audiovisual brasileiro. Dá pra ler a íntegra aqui, no blog do 1 Livro, 1 Disco, 1 Filme.
E, pra fechar, já que falei do meu 1LDF do coração, quero avisar que tem temporada nova já no ar! Voltamos a gravar os episódios tradicionais do podcast, em que recebemos um convidado para falar do livro, disco e filme que marcaram sua vida. A partir daí, eu e o Diego Olivares (também conhecido como meu marido) conduzimos uma entrevista buscando pontos de conexão entre essas obras e sua trajetória.
Este ano os episódios são apenas em áudio e formato tá 10/10, prometo! Temos, inclusive, um novo quadro em que recebemos áudios dos ouvintes contando suas obras favoritas para a gente comentar. A estreia tá disponível, e a convidada é ninguém mais, ninguém menos que a Maria Bopp, nossa Blogueirinha do Fim do Mundo.
Ouçam e compartilhem!
Até a próxima!